20 de novembro de 2014

Inspirador

Sim, sou uma mãe desempregada há sensivelmente 16 meses.
 
Como perfeccionista que sou e tendo ao longo da minha vida tentado ser perfeita e exímia em tudo o que faço, agora não poderia ser diferente. Tento ser uma boa e dedicada esposa, uma dona de casa cuidadosa e acima de tudo uma excelente mãe.
 
Mas apesar de não trabalhar fora de casa, o stress do dia a dia, tudo o que é necessário fazer, (e todas as mulheres sabem o quanto há a fazer numa casa,) o trabalho nunca acaba. Depois de tudo o que as tarefas domésticas e uma bebé de 16 meses exigem, estar feito, só peço um bocadinho de tempo para mim. Um bocadinho!!! Mas isso muitas vezes torna-se simplesmente impossível. O stress, os nervos, o mau feitio instala-se e parece que tudo nos irrita, nos leva à exaustão. Por vezes tenho a sensação que estou sempre a reclamar e a queixar-me da minha vida.
 
Acabei à pouco de ver este filme e revi-me no papel da actriz principal. Ser mãe e estar em casa a cuidar dos nossos rebentos é muito exigente, cansativo e rouba-nos o tempo todo. Sim, somos mães, mas acima de tudo mulheres, que tinham tempo para cuidar de si e com imenso tempo livre antes de os seus bebés nascerem.
 
No meu caso pessoal, para além de gostar de ter uma casa mais ou menos limpa (já não digo arrumada, pois não me importo nada de ter os brinquedos da minha filha espalhados, mais tarde quando estiver a dormir, arruma-se tudo), adoro fazer trabalhos manuais, que me ajudam a manter ou a restabelecer a sanidade mental e sempre dá para ganhar uns trocos.
 
Dedico-me a todos e a tudo (sem nada ou pouco dizer), no entanto continuam a exigir demasiado de mim, mas quando chego ao final do dia ou da semana e apercebo-me que pouco ou nada fiz por mim ou para mim, ou nenhuma retribuição ou valorização por parte dos que me rodeiam recebi, fico desanimada, triste. Esta foi a vida que sempre sonhei. Vivi muitas vezes sozinha e fazia e organizava as coisas como queria, mas sempre desejando estar casada, uma casa grande e filhos. E agora que tenho isso, não estou contente nem dou valor? O que se passa?
 
Este filme abriu-me os olhos. Sim, precisamos de tempo para nós. Sabia bem uma saída só de mulheres, um fim de semana a dois, mas para quê se estou sempre desejosa de regressar a casa para ver a minha filha a receber-me de braços abertos, com o seu sorriso maravilhoso e cheirá-la, abraçá-la e beijá-la. Não consigo imaginar a minha vida de outra forma, não seria mais feliz se tivesse uma vida vazia e só dedicada a mim. Olhar para esta menina e sentir que é minha, que o que ela é, é graças a mim, eduquei-a, acompanho-a desde que nasceu, pude presenciar e celebrar com ela o seu gatinhar, os primeiros passos, descobrir os seus primeiros dentinhos a nascer, fazer a festa com ela quando está feliz, ou dar-lhe colo e mimo quando está aborrecida ou doentinha. Sim, um trabalho remunerado é óptimo para a nossa independência e para nos sentirmos activos, mas tenho o melhor trabalho do mundo - criar uma criança e prepará-la para o mundo e nada paga esta experiência. O orgulho que sinto, vê-la feliz, crescida, bem disposta, simpática e tudo fruto e influência dos dias tão animados e maravilhosos que temos passado juntas.
 


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